O mercado agropecuário brasileiro tem incorporado, de forma crescente, as certificações de carbono como um diferencial competitivo relevante, especialmente nos leilões que movimentam bilhões de reais todos os anos. Conforme destaca o empresário Aldo Vendramin, produtores que adotam práticas sustentáveis e comprovam a neutralização ou a redução de emissões de gases de efeito estufa ganham protagonismo ao apresentar seus lotes. A valorização desses ativos ambientais nos eventos de comercialização rural é reflexo de uma nova exigência de mercado, onde sustentabilidade e rastreabilidade andam lado a lado.
As certificações surgem como uma resposta concreta à pressão por uma produção agrícola mais consciente, alinhada às metas climáticas globais. Ao demonstrar que determinado sistema produtivo gera menos carbono ou compensa suas emissões por meio de práticas regenerativas, o produtor não apenas fortalece sua imagem, como agrega valor real ao seu produto — seja gado, genética, grãos ou até maquinário associado à agricultura de baixo carbono.

Como as certificações de carbono influenciam os leilões agropecuários
Nos últimos anos, as certificações de carbono têm impactado diretamente o desempenho de lotes em leilões agropecuários, especialmente nos segmentos de genética bovina e pecuária de corte. Animais provenientes de propriedades certificadas como carbono neutro ou carbono positivo são frequentemente valorizados acima da média, refletindo o interesse de compradores e investidores por produtos com responsabilidade ambiental comprovada. Aldo Vendramin observa que esse movimento não é mais restrito a nichos, mas começa a se consolidar como tendência de mercado.
Leiloeiras e promotores de eventos rurais passaram a destacar, em seus catálogos, o selo de certificação ambiental dos lotes, ampliando a visibilidade dos criadores comprometidos com práticas sustentáveis. Além disso, parcerias com consultorias ambientais e empresas de verificação tornam o processo mais transparente e confiável, o que fortalece o vínculo de confiança entre vendedores e compradores. A rastreabilidade se transforma, assim, em ferramenta estratégica de marketing e precificação.
Certificações como instrumento de diferenciação e credibilidade
O processo de obtenção das certificações de carbono envolve auditorias técnicas, cálculo de emissões e implementação de boas práticas, como manejo rotacionado de pastagens, recuperação de áreas degradadas e uso eficiente de insumos. Embora esse processo exija planejamento e investimento, os benefícios superam os custos. Aldo Vendramin ressalta que a certificação confere credibilidade ao produtor e o posiciona à frente em um mercado cada vez mais regulado por critérios ambientais.
Além do impacto nos leilões, essas certificações abrem portas para novas linhas de crédito, parcerias internacionais e acesso a compradores mais exigentes, como grandes redes varejistas e exportadores. A produção rural passa, assim, a ser reconhecida não apenas pela produtividade, mas também pela sua contribuição à mitigação das mudanças climáticas, o que coloca o Brasil em uma posição estratégica no cenário global.
Desafios e caminhos para ampliar o uso das certificações de carbono
Apesar das vantagens, ainda há barreiras que dificultam a expansão das certificações de carbono no meio rural. Entre elas, estão a complexidade dos processos de validação, a falta de conhecimento técnico entre os pequenos e médios produtores e a necessidade de harmonizar padrões entre diferentes órgãos certificadores. Para superar essas dificuldades, Aldo Vendramin defende ações conjuntas entre governo, entidades do agro e empresas de tecnologia, com foco na capacitação e no acesso simplificado aos programas de certificação.
Iniciativas que combinem digitalização, apoio técnico e incentivo financeiro podem acelerar a adoção desse modelo, tornando-o mais inclusivo e escalável. A consolidação de um mercado agropecuário com responsabilidade climática passa por reconhecer que o carbono também é um ativo, e que os leilões, como vitrines do setor, têm papel decisivo em sua valorização.
Autor: Andrey Belov